Você é uma mãe-helicóptero?

Você é uma mãe-helicóptero?

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 10 de março de 2020

Atire a primeira pedra quem nunca disse alguma frase dessas: “deixa que eu faço por você”, “não come isso, sei que não vai gostar”, “aposto que você não vai encontrar o que quer e depois vai me pedir para procurar”.

De acordo com estudiosos do comportamento humano, essas atitudes são típicas de “mães-helicóptero”. Esse termo tem sido usado para designar a mãe que fica “sobrevoando” o filho, superprotegendo-o e controlando-o.


Todo exagero é prejudicial

Um estudo da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, acompanhou crianças durante oito anos: aos 2, 5 e 10 anos de idade. Os resultados indicam que o excesso de controle dos pais aos 2 anos interfere negativamente na autorregulação emocional aos 5 anos, e nas habilidades sociais e na produtividade acadêmica aos 10 anos.

Filhos são nosso bem mais valioso, e nada mais natural que tentar protegê-los – dos joelhos ralados às decepções amorosas. No entanto, quando isso se torna excessivo, pode sufocá-los, impedindo-os de crescer. Afinal, quando o cuidado responsável se torna superproteção?

Maria Montessori, criadora da pedagogia que leva seu sobrenome, dizia para os pais não fazerem pelos filhos o que eles são capazes de fazer sozinhos. Claro que as crianças provavelmente levarão o dobro do tempo para terminar tarefas que são simples a nossos olhos, mas com o tempo e a prática vão se aperfeiçoando. Isso é bom para elas, que se orgulham muito da própria autonomia, e para os pais, que podem delegar funções cada vez mais, tornando o próprio dia a dia menos cansativo.

Sabemos que os rótulos não ajudam ninguém, e o termo ‘mãe-helicóptero’ nada mais é que um rótulo pejorativo, que pode gerar culpa e insegurança em vez de provocar mudanças reais e necessárias. No entanto, vale a reflexão: você tem permitido que seu filho realize todo o seu potencial?”, questiona Marcia Belmiro.


Confira nossas orientações:

Uma das formas mais importantes de aprendizado para a criança é a brincadeira. Em vez de sugerir o que e como brincar, que tal deixá-la inventar por conta própria? Você vai se surpreender com a capacidade criativa do pequeno.

A máxima “no news, good news” se aplica aqui. Se seu filho está conseguindo lidar bem com alguma situação, mesmo que seja desafiadora, por que não deixá-lo seguir sozinho, observando à distância, e agir só se ele pedir ajuda?

Quando a criança solicitar auxílio, não resolva a questão por ela, mas a ajude a pensar em como pode encontrar uma solução própria.

Fonte:

Childhood Self-Regulation as a Mechanism Through Which Early Overcontrolling Parenting Is Associated With Adjustment in Preadolescence”. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/325832792_Childhood_Self-Regulation_as_a_Mechanism_Through_Which_Early_Overcontrolling_Parenting_Is_Associated_With_Adjustment_in_Preadolescence

                      

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