Os avós estragam meus filhos, o que fazer?

Os avós estragam meus filhos, o que fazer?

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 20 de fevereiro de 2020

A relação entre avós e netos é uma das mais importantes que existe. Capazes de se conectar de uma forma única por meio do afeto, os avós transmitem sua sabedoria, valores e tradições familiares. Por sua vez, os netos enchem a vida dos avós de alegria, numa troca que traz benefícios para os dois lados.

Essa conexão, que deixa doces lembranças por toda a vida (tente se lembrar da sua própria relação com seus avós), pode gerar, no entanto, estresse e disputa com os pais da criança, caso não haja um diálogo franco entre os adultos cuidadores.


Polêmica à vista

Nos fóruns e grupos de mães na internet, um dos assuntos mais polêmicos é a relação com os avós de seus filhos – pais, sogros ou ex-sogros. Fala-se muito que os avós estragam os netos, mimando-os com doces e presentes, que desautorizam os pais, alterando as regras da família e desrespeitando os limites definidos, e em alguns casos até botam os filhos contra os pais, criticando-os abertamente na frente dos pequenos.

Quando há esse tipo de embate, a criança pode ficar confusa, porque ama muito tanto os pais quanto os avós. Ao ouvir críticas agressivas de um lado ou de outro (“seus avós estragam você”, “a mãe maltrata aquele menino com tantas regras”), o pequeno muitas vezes não entende que são pontos de vista diferentes, pois ainda não tem maturidade para esse tipo de análise, e acaba ficando em dúvida sobre o amor dos adultos por si (“será mesmo que meus avós me fazem mal?”, “por minha mãe me maltrata?”).


Vivências enriquecedoras

Quando estiver chateado com a conduta dos avós em relação a seus filhos, lembre-se de que nada terá tanto impacto na formação das crianças quanto o que é ensinado pelos pais – por meio de palavras e principalmente de exemplos. Não é um presente ou um doce fora de hora que vai arruinar toda a educação dada pelo pai e pela mãe. Quando os pais entendem isso se libertam das cobranças excessivas, e podem dar a oportunidade aos filhos de ter vivências externas a seu núcleo familiar básico, o que é extremamente enriquecedor para o desenvolvimento do indivíduo.

Quando as crianças vão para a casa dos avós ou fazem um passeio com eles, é possível relaxar um pouco nas regras (ex.: ver mais televisão que de costume). Mas é possível também conversar com os avós e explicar o que não é negociável para a família (ex.: assistir a programas impróprios para a idade dos pequenos).

Quando a convivência com os avós é prejudicial

Caso perceba que o tempo que seus filhos estão passando na casa dos avós está atrapalhando em algo, converse primeiro com a criança (se já for maiorzinha), explicando por que não é bom passar o dia todo jogando videogame, por exemplo. Assim, ela mesma poderá explicar as regras importantes naquela família para os avós.

Se as crianças são pequenas ou se o diálogo com elas não está adiantando, é hora de ter uma conversa franca com os avós. Faça isso reservadamente, de preferência longe de seus filhos. Com carinho e empatia, fale exatamente o que o incomoda, sem generalizar, deixando clara sua necessidade não atendida (ex.: em vez de “você não cuida bem da minha filha, assim ela não vai almoçar mais na sua casa”, que tal algo como “ontem minha filha disse que almoçou só batata frita; não considero isso saudável, será que você poderia oferecer a ela outras opções mais nutritivas da próxima vez?”).

Tenha sempre em mente que, em geral, os avós cometem erros com as melhores intenções, sem o intuito de desautorizar os pais. Quando os pais se dão conta disso, conseguem não acusar os avós – e estes, por sua vez, tendem a adotar uma postura mais colaborativa.


Avós que se sentem julgados

É comum também que os avós estranhem a forma de educar as crianças hoje, enxergando nas diferenças de criação uma afronta à forma como eles criaram os próprios filhos, na sua época. Para evitar esse sentimento de crítica e julgamento que só leva a mágoas desnecessárias, não entre em discussões como “você me deu refrigerante na mamadeira, veja como estou hoje”. Em vez disso, mostre que não há certo nem errado, mas apenas que suas escolhas são outras, e não há problema nisso.

Uma boa forma de abordar isso é falar das descobertas científicas atuais, das teorias que eram desconhecidas nas outras gerações e que hoje norteiam a criação de filhos. Se os avós derem abertura, mande links de blogs e artigos científicos, empreste livros sobre maternidade que apresentam uma perspectiva mais moderna. Quem sabe até você pode ganhar aliados, já pensou?

Matérias Relacionadas

Humor na sala de aula: Por que e como usá-lo?
Ansiedade na escola
A adolescência do futuro