O Desenvolvimento do Bebê (primeiro ano de vida) –  Sobre a Dependência Relativa

O Desenvolvimento do Bebê (primeiro ano de vida) – Sobre a Dependência Relativa

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 20 de julho de 2018

Durante a primeira etapa do desenvolvimento emocional e psíquico
do bebê (Dependência Absoluta – conforme nomenclatura usada pelo Dr.
D. W. Winnicott), podemos perceber que a função de um ambiente
suficientemente bom é a geração de um sentimento de onipotência no
bebê, onde todos – ou pelo menos a maioria – dos anseios do bebê são
supridos através dos cuidados maternos e, assim, ele tem a sensação que
o seu próprio ato de desejar cria no mundo as condições que suprem as
suas necessidades.

Tal experiência de ilusão é fundamental para que os 3 processos
básicos (Realização, Integração e Pessoalização) – VEJA MAIS EM O Desenvolvimento do Bebê (primeiro ano de vida) – Sobre a Dependência Absoluta –
se desenvolvam e para que a criança possa relacionar-se com o mundo no
qual ela está inserida.

De acordo com essa teoria desenvolvida pelo Dr. Winnicott, até os 6
meses de idade, ou seja, na fase da Dependência Absoluta, é fundamental
que o bebê tenha esse momento de ilusão inicial, pois é a partir dessa
experiência que irá se formar a ponte entre mundo psíquico e mundo
externo. Essa ponte se constrói a partir da percepção do bebê de que
existem no mundo coisas que suprem suas angústias, que consolam, que
alimentam, que acarinham, que dão sustentação para ele.

Como sabemos, o mundo não é capaz de atender todas as nossas
expectativas e desejos sempre, e é necessária sim a adaptação gradual às
frustrações da não realização de nossos desejos. No entanto, para
Winnicott, o bebê só é capaz de lidar com tais frustrações uma vez que ele
tenha tido essa experiência de onipotência no início da vida.

Então, para a segunda etapa do desenvolvimento emocional, um
ambiente suficientemente bom deve apresentar gradualmente falhas no
cumprimento das necessidades do infante, o que irá dar início ao processo
de desilusão na fase que Winnicott chama de Dependência Relativa.

Começa a se consolidar na sua psique a diferenciação eu-não eu e o
entendimento de ser o seu corpo uma unidade integrada em si. A
consolidação desses aprendizados fica evidente pois o bebê começa a
demonstrar uma maior atividade intelectual e a assimilação de muitos
dados no mundo; tal aprendizagem inicialmente passa a ser aplicada a si
próprio e à sua mãe (pessoa que cuida).

A “Dependência Relativa” é atribuída à fase de mais ou menos 6
meses de idade, à mais ou menos os 2 anos de idade, ou seja, ainda é
anterior à fase do Complexo de Édipo conforme postulado pela tradição
psicanalítica.

Nas palavras deste autor, a partir dos 6 meses: “ o bebê se torna
capaz de mostrar, no seu jogo, sua compreensão de que tem um interior e
que as coisas vêm de fora. Ele mostra saber que é enriquecido pelo que
incorpora (…) mostra que sabe poder se livrar de alguma coisa quando já
conseguiu tirar dela o que queria”.

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