É coisa de criança? Dicas de livros infantis que falam sobre morte, depressão e outros tabus

É coisa de criança? Dicas de livros infantis que falam sobre morte, depressão e outros tabus

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 22 de agosto de 2019

Como conversar com as crianças sobre guerra, extremismo religioso, depressão, morte e  transexualidade? Que tal por meio de livros sobre esses assuntos? Sim, eles existem e vale a pena tê-los na biblioteca de casa e da escola. Confira abaixo a seleção que fizemos:


O passeio
(Pablo Lugones e Alexandre Rampazo)

Editora Gato Leitor

O empurrãozinho de um pai faz uma menina superar o medo de andar de bicicleta sem rodinhas, e dá início a um passeio singular. Durante um longo trajeto, a filha revela as sensações e emoções que vive em cada momento na companhia de seu pai, e estas a fazem perceber como de uma hora para outra tudo pode mudar. Por meio do texto de Lugones e das ilustrações de Rampazo, o livro mostra de forma sutil e delicada como a morte atravessa a vida.

 

Olavo (Odilon Moraes)

Editora Jujuba

“Olavo era um menino triste.” Mas será que dá para ser triste o tempo todo? Um dia, chega na porta de Olavo um presente anônimo. Intrigado, o menino se agarra àquela novidade com tanta força que nem tem coragem de abrir o pacote, com medo de saber o que tem dentro. Ele prefere viver a alegria inofensiva de apenas tê-lo recebido. Mas e se tudo não passar de um engano, e a entrega for para outra pessoa?, ele pensa. Afinal, quem nunca sentiu uma alegria tão grande que parecia não merecer? Dessa maneira, Odilon Moraes desconstrói as ideias de tristeza e alegria, num livro repleto de poesia.

 


Uma vez
(Morris Gleitzman)

Editora Paz e Terra

“Todo mundo merece ter alguma coisa boa na vida pelo menos uma vez.” Felix Salinger, um menino judeu que mora na Polônia, adora ler e é ótimo em escrever e contar histórias. E é isso o que ele mais faz enquanto espera, num orfanato católico, o pai e a mãe, que foram cuidar da livraria da família. Uma vez, na fila do jantar, Felix ganhou uma sopa com uma cenoura inteira. Naqueles tempos em que era impossível até mesmo ter pão fresquinho no café da manhã, uma cenoura inteira só podia ser um sinal. A mensagem ficou mais clara quando livros judeus da biblioteca do orfanato foram transformados em uma imensa fogueira. Seus pais e a livraria da família estavam em perigo. O garoto sabia que precisava voltar para casa para ajudá-los.

Assim começa a jornada de Felix por um país tomado por soldados nazistas, vizinhos delatores, mas também por pessoas dispostas a ajudar. A incrível imaginação do garoto é sua melhor companhia para compreender a terrível realidade que o cerca.

Este é um livro especial, que nos faz testemunhas do horror do Holocausto pelo doce e inocente olhar de uma criança. É uma história delicada, que nos faz pensar sobre intolerância, racismo, abuso de poder, perda e luto. Mas que também afirma o poder da amizade, da perseverança e da literatura para construir um mundo melhor.

Obs.: Leia também Então, continuação de Uma vez.


Malala/Iqbal
(Jeanette Winter)

Editora Verus

Edição 2 em 1 com as histórias de duas crianças paquistanesas que bravamente lutaram contra a injustiça de seu mundo. Malala é a menina que não tem medo. É assim que todos conhecem a jovem paquistanesa que acredita que uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. Por isso ela protesta contra os talibãs que querem impedir as meninas de seu país de irem à escola. Enquanto a sala de aula garante a elas um lugar ao sol e bloqueia as sombras ameaçadoras, fora da escola uma nuvem escura as segue por toda parte. Mas isso não impedirá que Malala siga protestando pelos direitos à educação de todas as meninas do Paquistão.

Iqbal tinha apenas quatro anos quando foi obrigado a trabalhar na fábrica de tapetes. Junto com outras tantas crianças, ele tecia acorrentado para que não pudesse fugir. Quando ele descobre que finalmente está livre, passa a frequentar a escola, vai bem nos estudos e começa a protestar por outras crianças que ainda não se libertaram. Mesmo sendo ameaçado pelos donos, Iqbal visita fábricas de tapetes por todo Paquistão e cruza o oceano para espalhar sua mensagem de liberdade.

George (Alex Gino)

Editora Galera Júnior

Um livro emocionante sobre a importância de ser quem realmente é. Um dos primeiros livros juvenis com um personagem transgênero no Brasil. Quando as pessoas olham para George, acham que veem um menino. Mas ela sabe que não é um menino. Sabe que é menina. George acha que terá que guardar esse segredo para sempre: ser uma menina presa em um corpo de menino. Até que sua professora anuncia que a turma irá encenar “A teia de Charlotte”, e George quer muito ser Charlotte, a aranha e protagonista da peça. Mas a professora diz que ela nem pode tentar o papel porque… é um menino. Com a ajuda de Kelly, sua melhor amiga, George elabora um plano. E depois que executá-lo todos saberão que ela pode ser Charlotte ― e entenderão quem ela é de verdade também.

 


Bônus:
Drufs (Eva Furnari)

Editora Moderna

Nesta obra de título aparentemente indecifrável, a autora conta histórias (“coisinhas interessantes ou desinteressantes”, como está no texto que abre o livro) de diversas configurações familiares pela voz das crianças de uma espécie chamada Drufs, que coincidentemente ou não se parece muito com a humana. De um jeito engraçado e lúdico, Furnari aborda diversos tabus como depressão, homossexualidade e morte.

“Família Balum: O único que não fala de festa é o tio Murchun. Ele tem depressão. O tio Bum também trabalha em festas infantis (como meus pais), mas detesta. Ele não tem paciência com crianças. Qualquer coisinha ele estoura.”

“Família Suflê: Meu pai tem um restaurante de comida Fritemburguesa. Ele é um chefe de cozinha famoso, mas quem faz comida aqui em casa é o meu outro pai, o Croassan. Quando eu crescer, quero ser chefe de cozinha.”

“Família Zum: Minha família tem três pessoas, contando eu e descontando meu pai, que já morreu. No ano que vem vai ter quatro pessoas de novo, porque a minha prima do interior vem morar com a gente.”

Fonte dos textos e das imagens: Divulgação das editoras.

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