Como tornar saudável o uso de redes sociais na adolescência?

Como tornar saudável o uso de redes sociais na adolescência?

Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 23 de agosto de 2019

Instagram, Facebook, Twitter e outros canais já fazem parte do vocabulário dos jovens da Geração Z, e seu uso excessivo é associado a depressão e a outros distúrbios. A solução então seria controlar ou até proibir seu uso?

 

Alguns dados relevantes:

− Segundo a pesquisa TIC Kids realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), 85% da população brasileira entre 9 e 17 anos era usuária de internet em 2017. Em 2018 este número saltou para 99%.

 

Estudos realizados pela Universidade de Londres apontam que um dos principais fatores para o aumento da depressão entre os jovens é o uso excessivo das redes sociais. Os números chegam a dobrar entre as meninas, em geral mais ativas nesse tipo de canal que eles. Entre as garotas de 14 anos, 75% sofrem de depressão por baixa autoestima, insatisfação com a aparência e poucas horas de sono. Descobriu-se também que 40% das adolescentes sofrem assédio e cyberbullying, enquanto que entre os meninos a porcentagem é de 25%.

 

− O professor Joel Rennó Júnior, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, afirma que no Brasil a depressão também é mais frequente entre as garotas e está ligada ao tempo de exposição às redes. O estudioso ressalta ainda que a personalidade do adolescente tem influência nesta questão, e aponta que as redes sociais em si não apresentam perigo, mas sim seu uso excessivo e o isolamento decorrente dele.

 

− Uma pesquisa realizada por Raquel Assunção e Paula Matos na Universidade do Porto (Portugal) aponta para o fato de que os adolescentes se sentem mais à vontade para conversar atrás de um monitor do que frente a frente. Oito em cada dez jovens utilizam ferramentas virtuais para se comunicar com pessoas com quem convivem no mundo real.

 

 

Qual o papel dos pais nesse contexto?

Ainda não há consenso sobre o limite de tempo saudável para a exposição à telas. Assim, é necessário ter bom senso e definir, em conjunto, regras e combinados para que haja equilíbrio entre a vida on-line e a off-line, utilizando os recursos oferecidos pelas redes sociais de forma segura e com responsabilidade (ex.: explorar páginas e perfis socioeducativos e que discutam questões do interesse do jovem). É preciso também que pais e professores alertem sobre os perigos do mundo virtual, como o caso de pessoas (em geral adultos) que usam outra identidade nas redes para atrair crianças e adolescentes.

 

Pouco adianta bloquear o computador de casa ou ficar monitorando as redes sociais dos filhos. Todo pai já foi jovem e sabe que sempre é possível burlar o controle dos adultos. Nesse caso, pode surtir mais efeito demonstrar interesse pelos assuntos do adolescente e entrar no universo dele. Essa atitude ajuda a criar um vínculo e até mesmo gerar conversas sobre assuntos em comum.

 

Esse tipo de atitude aumenta o interesse dos jovens por momentos off-line em família. Ou seja, apesar de existir o interesse óbvio pelo on-line, é preciso que o adolescente também tenha vontade de estar na vida real. Havendo confiança e conexão genuína com o jovem, caso haja alguma situação de perigo ou desconforto, ele vai se sentir à vontade em contar para os pais.

 

 

O Twitter como um aliado em sala de aula

 

Nos Estados Unidos, a professora Holly Clark enfrentava grande dificuldade em conseguir a atenção de seus alunos. O problema ia além das conversas paralelas e chegou ao uso descontrolado de redes sociais durante a aula. Clark, então, tomou uma decisão improvável: propôs que o debate do livro lido pela turma fosse feito por meio do Twitter. A professora criou uma hashtag para ser usada nas postagens e deu uma breve aula sobre o Twitter (enfocando a cidadania digital e definindo regras, como evitar mensagens inapropriadas).

 

O resultado foi surpreendente. Em pouco tempo o projeto se popularizou entre os alunos, tanto que o debate extrapolou o horário da aula, acontecendo também no tempo livre dos adolescentes. A professora conta que mesmo aqueles que não costumavam falar em classe estavam se pronunciando pela rede social.

 

Fontes:
https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic_kids_online_2017_livro_eletronico.pdf

https://cetic.br/tics/educacao/2018/escolas-urbanas-alunos/B3/

https://jornal.usp.br/atualidades/mau-uso-de-redes-sociais-agrava-sinais-depressivos-nos-jovens/

https://desafiosdaeducacao.com.br/usando-twitter-para-bem-da-sala-de-aula/

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