Como melhorar a alimentação das crianças com harmonia e sem brigas

Como melhorar a alimentação das crianças com harmonia e sem brigas

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 12 de setembro de 2019

O cheiro é delicioso, resultado de horas na cozinha, cinco cores no prato!

“Filho, vem almoçar. Temos hora pra sair.”
“Ah, cenoura de novo?”
“Ontem tinha espinafre, mas você disse que só gostava de cenoura.”
“Isso foi ontem. Hoje não gosto mais.”
“Tem que comer tudo pra ter saúde e ficar forte. Se não raspar o prato, não pode comer sobremesa.”
“Ah, odeio essa comida!”
“Não pode desperdiçar, tem criança que passa fome por aí.”

Essa situação é familiar a muitos pais e cuidadores. Olhando esse quadro, proponho alguns questionamentos:

– Como fica seu estado de ânimo quando esses embates acontecem?
– Esse tipo de abordagem é efetivo para acabar com o comportamento indesejado da criança?
– De que maneira isso interfere no seu relacionamento com ela?
– O que você poderia fazer de diferente para obter uma mudança real nessa questão?

Provavelmente você já descobriu que não é possível mudar o comportamento de outra pessoa à força. Que tal, então, mudar a estratégia?

A neurociência pode nos ajudar aqui. Ela nos mostra que os seres humanos têm um forte sentimento gregário, que os faz buscar aqueles que amam. Além disso, desde que o bebê nasce já estão em funcionamento seus neurônios-espelho. É por causa deles que o filho ri de volta ao ver o sorriso da mãe, por exemplo. A neurociência nos diz ainda que os “caminhos” neurais mais usados são mais fortes, mas que por meio da neuroplasticidade é possível criar “novos caminhos” e fortalecê-los pelo hábito.

Como os adultos na sua família se alimentam? O primeiro passo é dar bons exemplos. Não adianta oferecer uma refeição balanceada a seu filho se você só come frituras e doces. Vocês têm o costume de comer juntos à mesa? Sabemos que a rotina de múltiplas atividades de todos dificulta esse hábito, mas ele é mais importante do que parece.

Uma pesquisa realizada por estudiosos do The College of Family Physicians do Canadá revelou que refeições familiares frequentes diminuem a ocorrência de distúrbios alimentares, uso de álcool e outras substâncias, comportamento violento e sentimentos de depressão ou pensamentos de suicídio em adolescentes. Esse hábito, por outro lado, aumenta a autoestima dos filhos e as chances de sucesso escolar, tendo bons resultados especialmente na saúde física e mental das meninas.

O maior desafio não é fazer a criança comer, mas tornar este um momento agradável, afetivamente rico. As pessoas, e as crianças em especial, aprendem melhor por meio de experiências felizes.

O KidCoaching pode ajudar nesta questão, promovendo uma reflexão sobre as consequências futuras do cenário atual. E, por meio das Perguntas ReDA – que geram Reflexão, Decisão e Ação –, colaborar para que pais e filhos possam, juntos, encontrar as melhores soluções para sua dinâmica familiar, com amor e disciplina.

Fontes:
“Fazer refeições em família tem efeito protetor para a obesidade e bons hábitos alimentares na juventude? Revisão de 2000 a 2016”. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292017000300425&lng=en&nrm=iso&tlng=pt#B3

“Systematic review of the effects of family meal frequency on psychosocial outcomes in youth”. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4325878/

                      






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